Saúde
HERANÇAS PSICOLÓGICAS DEIXADAS PELA TRAGÉDIA NO RIO GRANDE DO SUL
Seg, 20 Maio de 2024 | Fonte: Dra. Andréa Ladislau/Psicanalista
A resposta ao estresse após a tragédia das enchentes do Rio Grande do Sul, vai ser inevitável e afetará cada vítima de forma distinta. Isso por que cada um sofre o impacto emocional de acordo com sua bagagem de vida, conforme suas perdas, suas experiências passadas e o seu estado psíquico.
É, sem dúvida nenhuma, uma tragédia de grandes impactos sociais e emocionais provocando inúmeras alterações na vida de todos. Um verdadeiro cenário de guerra que se instala de forma inesperada, pela força da natureza, obrigando o ser humano a compreender que ele não possui o poder de mudar ou controlar nada.
E é exatamente, por constatar isso, que indivíduo, de forma inconsciente, é invadido por sentimentos como: angústia, medo, insegurança. Dores que paralisam através da devastação do luto e que deixam heranças psicológicas traumatizantes, carregadas de muito sofrimento e tristeza que gostaríamos de apagar da memória.
A saúde psicológica da maioria das pessoas foi desnudada, pois está diretamente ligada aos seus direitos de posse e às suas liberdades. Ao tirar uma, ou as duas, as pessoas se desintegram emocionalmente. E é o que temos visto e ainda iremos presenciar por um tempo, pela necessidade do enfrentamento de desafios intensos.
E avaliando melhor esses desafios, o maior deles talvez seja a necessidade do indivíduo em ampliar a sua capacidade de adaptação em meio às perdas e ao luto. Naturalmente, nos sentimos mais confortáveis quando temos o controle de tudo. Quando o mundo se mostra previsível. Porém, a grande questão é que a necessidade em ter o controle das situações nas mãos é um sentimento intrínseco de nossa espécie, mas tudo o que é externo e nos foge ao controle, gera insegurança e medo e nos faz sentir cada vez mais vulneráveis.
Do ponto de vista psicanalítico, não temos boas notícias. A tendência natural é que a herança deixada após essa enchente no Rio Grande do Sul, esteja associada a um agravamento de transtornos emocionais, motivados por ansiedade, pânico, fobias sociais generalizadas, depressão, alterações de humor, insônias intensas, bipolaridade, entre outros.
Além disso, lidar com o luto também é um fator de atenção, pois, muitas famílias sofreram e sofrem essa dor, já que perderam pessoas queridas e próximas e também perderam seus pets. Saber lidar com o luto é um outro desafio que veio com força total nos últimos dias. Ou seja, essa atmosfera de incertezas, perdas, ansiedade e medo modificam nossas emoções e podem gerar ou até agravar transtornos psicológicos severos.
Portanto, a situação é muito grave. Pois, além do básico para viver, o emocional também está destruído. Olhamos para esse cenário de heranças negativas, na busca desesperada por ajudas e soluções. Afinal de contas, a resiliência é intrínseca ao ser humano.
É ela quem nos capacita para a superação dos obstáculos e desafios, de qualquer natureza, ao longo da vida. Estamos sendo desafiados a nos fortalecer de maneira que a percepção de nós mesmos se torne cada vez mais forte, para que assim possamos lidar com essa tragédia e ser forte e dar força e ajudar quem precisa de apoio em meio a dor.
As heranças negativas, neste caso, são inevitáveis e podem trazer impactos nocivos ao desequilíbrio emocional e psíquico das vítimas, porém colocar em prática o dom da flexibilidade, da empatia, da ressignificação, já é um bom começo para quem quer desenvolver ainda mais suas capacidades resilientes, promovendo o cuidado com a saúde física e mental, frente aos impactos sofridos nos últimos dias.
Andrea Ladislau é doutora em Psicanalise Contemporânea, Neuropsicóloga. Graduada em Letras - Português/ Inglês, Pós graduada em Psicopedagogia e Inclusão Digital, Administração de Empresas Administração Hospitalar. É palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro.
Veja Também
Empresas de seguro que atuam no Rio Grande do Sul já receberam 23.441 comunicados de acidentes decorrentes dos efeitos adversos dos temporais que atingem o e...
O governo federal planeja interconectar todas as unidades de saúde indígena do Brasil até o fim de 2026, garantindo que todos os estabelecimentos públicos re...
A Prefeitura de Corumbá, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, divulgou o cronograma semanal da rotina nas salas de vacina para o período de 14 a 16 de ...
Últimas Notícias
- 19 de Abril de 2025 TODAS AS SAUDADES
- 19 de Abril de 2025 BRASIL TEM 14 MILHÕES DE INFLUENCIADORES SEGUNDO PESQUISA
- 19 de Abril de 2025 Projeto de Edinaldo prevê espaços seguro para a prática de soltar pipas na cidade
- 19 de Abril de 2025 Governo quer conectar todas Unidades de Saúde Indígena até 2026
- 19 de Abril de 2025 Páscoa no CRAS de Ladário fortalece vínculos com a comunidade
- 19 de Abril de 2025 Primeira do Brasil com cotas indígenas em todos os cursos, UEMS promove cidadania e transforma vidas
- 19 de Abril de 2025 Prefeitura realiza teste de ampliação no horário dos ônibus atendendo solicitação da população
- 19 de Abril de 2025 Pantanal recebe primeira edição de evento cujo objetivo é resgatar o uso tradicional do fogo como aliado da conservação
- 19 de Abril de 2025 Operário encara o Cianorte fora de casa na estreia da Série D do Brasileiro
- 19 de Abril de 2025 Cazarin pede cópias de todas as notificações emitidas pelo CAC em Corumbá
- 18 de Abril de 2025 Semadesc regulamenta rotinas do Imasul para execução do PSA Bioma Pantanal
- 18 de Abril de 2025 Mais de 335 mil pessoas vivem em situação de rua no Brasil
- 18 de Abril de 2025 Sejusp alinha atuação integrada para enfretamento aos incêndios no Pantanal
- 18 de Abril de 2025 MST demarca Jornada de Lutas da Reforma Agrária com mais de 50 mobilizações pelo país
- 18 de Abril de 2025 Idealizadores do 'Movimento Universidade Federal do PANTANAL', se reúnem com a Administração Pública de Ladário