Meio Ambiente
História que se repete: incêndios e crise hídrica testam resiliência do Pantanal
Focos de fogo registrados no bioma este ano já superam 2020, ano recorde.
Dom, 23 Junho de 2024 | Fonte: Da Redação
![História que se repete: incêndios e crise hídrica testam resiliência do Pantanal](https://cdn1.correiodecorumbapantanal.com.br/uploads/noticias/2024/06/23/2335.jpg)
O Pantanal já queima mais este ano do que o registrado em igual período de 2020. Segundo monitoramento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), 2.628 focos de incêndio foram detectados no bioma entre 1º de janeiro e 20 de junho. Há quatro anos, o número era de 2.395 focos.
Com fumaça no nariz e nos olhos, e fuligem nas ruas e nas casas, Corumbá vê uma história se repetir. Em 2020, o Pantanal bateu recorde de incêndios, com mais de 21 mil focos registrados. De acordo com o Lasa/UFRJ (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro), a área queimada naquele ano chegou a 3,6 milhões de hectares - quase cinco vezes o tamanho de Campo Grande.
Este ano, de janeiro até a segunda dezena de junho, a área queimada medida pelo laboratório é de 517,5 mil hectares. No rastro do fogo, além da vegetação destruída, ficam animais símbolos do Pantanal, como jacarés e sucuris. Voluntários do Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal) estão em Corumbá em busca de animais feridos ou debilitados que necessitem de atendimento.
Importantes acessos ao Pantanal também foram consumidos pelo fogo. Aconteceu com a ponte da Estrada Parque, em uma região de vazante no Porto da Manga - estrutura que já havia sido reconstruída após ser tomada pelas chamas em 2020.
Mas, ao contrário da emergência ambiental de quatro anos atrás, este ano o fogo chegou mais cedo. Em 2020, o pior período de incêndios florestais foi entre os meses de agosto e setembro, quando foram registrados 5.935 e 8.106 focos, respectivamente.
Na tentativa de evitar uma nova tragédia, o governo do Estado anunciou, ainda em maio, a criação de 13 bases avançadas do Corpo de Bombeiros em regiões remotas do Pantanal. Uma centena de militares foi mobilizada, a fim de minimizar o tempo de resposta ao fogo. Os bombeiros atuam em coordenação com brigadistas do Prevfogo/Ibama (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais).
Com os incêndios já deflagrados e fora de controle, o ministério do Meio Ambiente criou uma sala de situação para articular ações em todos os biomas, mas com foco inicial no Pantanal. Em visita a Mato Grosso do Sul, representante da pasta disse que apresentou as demandas de estrutura e recursos à presidência. Mas a resposta depende do Ministério da Defesa, já dividido entre os apoios à calamidade no Rio Grande do Sul e ao combate ao garimpo ilegal na terra indígena Yanomami.
Chuva no Alto Paraguai está abaixo da média há 5 anos
A falta de chuvas ajuda a explicar parte da tragédia que ameaça o Pantanal. De acordo com o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), a bacia do Alto Paraguai acumula déficits de chuva desde o verão de 2019/2020 - ou seja, há cinco anos chove abaixo da média na região. A única exceção no período foi entre 2022/2023.
O Cemaden revela que a situação hidrológica é considerada crítica. Nas estações pluviométricas de Ladário e Porto Murtinho foram registradas situações de seca excepcional, o mais alto grau no ranking de classificação.
Boletim do Serviço Geológico do Brasil, publicado no último dia 20, aponta que o nível do Rio Paraguai na régua de Ladário chegou a 118 centímetros. A média histórica para o período é de 447 centímetros.
Ainda segundo o boletim, são esperados acumulados de chuva insignificantes nas próximas duas semanas. A previsão é de que, em 14 dias, o nível do Rio Paraguai pela régua de Ladário caia para menos de 100 centímetros.
Em maio, a Agência Nacional de Águas declarou situação crítica de escassez hídrica na região hidrográfica do Rio Paraguai. Para o Cemaden, a queda no índice de chuvas e os extremos de temperatura na região podem ser explicados pela atuação do fenômeno El Niño no final de 2023, bem como pelo aumento da frequência de bloqueios atmosféricos - que podem estar relacionados com as mudanças climáticas e com o desmatamento.
Veja Também
À noite, o combate aos incêndios continua no Pantanal sul-mato-grossense e se torna mais eficiente. Na noite de quinta-feira (20), duas equipes do Corpo de B...
Últimas Notícias
- 02 de Julho de 2024 Concurso do Imasul tem resultados publicados e convocações para próximas etapas
- 02 de Julho de 2024 Religiosidade, tradição e simulados são trabalhados na EE Júlia Gonçalves Passarinho
- 02 de Julho de 2024 Detran informa: julho é o prazo para licenciamentos de veículos com placa de final 6
- 02 de Julho de 2024 Rotas da Integração Sul-Americana podem operar já em 2028, diz Simone Tebet
- 02 de Julho de 2024 Nos primeiros seis meses de 2024, vacina BCG atinge 77,15% de cobertura em Mato Grosso do Sul
- 02 de Julho de 2024 Assinado repasse de recursos do FMDCA a Organizações da Sociedade Civil
- 02 de Julho de 2024 Moinho Cultural é certificado pelo MINC como Pontão de Cultura
- 02 de Julho de 2024 Prefeitura executa intervenções emergenciais no prédio da Casa do Artesão
- 02 de Julho de 2024 Pantanal tem este ano maior área queimada em junho
- 02 de Julho de 2024 A FANTASIA EM TORNO DA DESCRIMINALIZAÇÃO DA MACONHA
- 02 de Julho de 2024 Campanha “Tudo em Dia Caixa” renegocia dívidas com até 90% de desconto
- 02 de Julho de 2024 MPT debate desafios da equidade de gênero no trabalho em congresso no MS
- 02 de Julho de 2024 Em julho, Eldorado Brasil realiza Parada Geral em Três Lagoas
- 02 de Julho de 2024 MS Alfabetiza celebra avanços na educação pública e alfabetização no Estado
- 02 de Julho de 2024 Técnicos do Ibama de Brasília visitam Centro Emergencial de Reabilitação aos Animais Silvestres