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IFMS assina acordo com Ministério dos Povos Indígenas para beneficiar os Guarani Kaiowá

Plano de trabalho prevê suporte científico e operacional do Instituto Federal para execução de oito metas. Investimento previsto é de R$ 6,8 milhões.

Qui, 15 Agosto de 2024 | Fonte: Redação


IFMS assina acordo com Ministério dos Povos Indígenas para beneficiar os Guarani Kaiowá
Acordo foi firmado nessa quarta-feira, 14, em Dourados - Foto: Vinícius Villas Boas

O Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) é uma das instituições integrantes do Programa 'Teko Porã: fortalecimento do bem viver do povo Guarani Kaiowá', cujo lançamento oficial foi feito nessa quarta-feira, 14, em Dourados. A iniciativa do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) terá a participação de uma série de órgãos e entidades governamentais ligados às administrações federal e estadual. 

O acordo assinado com o IFMS prevê o suporte técnico-científico e operacional para a execução de oito metas do plano de trabalho. A previsão é que a instituição receba recursos federais de R$ 6,8 milhões do MPI, por meio de um Termo de Execução Descentralizada (TED). 

Entre as metas pactuadas com o IFMS estão a elaboração de planos de gestão territorial e ambiental; desenvolvimento de ações de fortalecimento de mulheres e jovens indígenas, focalizando inicialmente jovens, grávidas e puérperas; implementação do projeto Tekojoja, direcionado à reinserção social de pessoas indígenas em situação de encarceramento e a difusão, preservação e estímulo a “Dança da Ema” ou “Bate Pau”. 

"Essa ação é um marco na história do IFMS, pois amplia nosso alcance e impacto social ao colaborar diretamente com o bem-estar e o desenvolvimento sustentável das comunidades indígenas Guarani Kaiowá. O Teko Porã irá permitir que o conhecimento técnico e científico do IFMS seja aplicado de maneira a promover a autonomia e o fortalecimento cultural dessas comunidades", ressalta a reitora Elaine Cassiano. 

O IFMS também será responsável por ações como o fomento à soberania alimentar, por meio da implantação de tanques elevados de geomembrana (com energia solar) para piscicultura familiar, e o fortalecimento à segurança alimentar nas comunidades indígenas, através da promoção da agricultura sustentável e resgate e das tradições alimentares. 

O pró-reitor de Extensão do IFMS, Anderson Martins Corrêa, explica que o Teko Porã será desenvolvido a partir do conhecimento técnico e científico presente nos nossos quadros institucionais e dos saberes das comunidades atendidas, garantido que cada ação seja culturalmente adequada e tecnicamente sólida. 

"O desenvolvimento irá ocorrer em estreita colaboração com as comunidades indígenas. O diálogo será constante para assegurar que as ações respeitem as tradições e os valores locais, e para envolver diretamente os membros das comunidades nas atividades, com a oferta de bolsas de incentivo, assegurando que o desenvolvimento das ações seja participativo e sustentável”, diz. 

Programa - Segundo o secretário executivo do Ministério dos Povos Indígenas, Eloy Terena, o delineamento do Programa deu-se por meio de reuniões, com a identificação da necessidade de ações prioritárias e a devida articulação junto aos atores responsáveis, considerando a situação das maiores etnias indígenas do Mato Grosso do Sul. 

IFMS assina acordo com Ministério dos Povos Indígenas para beneficiar os Guarani Kaiowá
Eloy Terena, do Ministério dos Povos Indígenas, em visita ao Campus Ponta Porã - Foto: Rony Terena/MPI

"A presença e a capilaridade do IFMS em todo o estado, aliadas ao conhecimento técnico-científico da instituição, são fundamentais para enfrentar os desafios das comunidades Guarani Kaiowá. O IFMS é um ator essencial para o programa, ao assegurar que as ações tenham um impacto direto e positivo nessas comunidades”, destaca.

O foco do Teko Porã é na promoção de um conjunto de ações estratégicas voltadas à garantia de direitos e fortalecimento da população indígena no estado, com ênfase em três eixos principais: território, direitos sociais e segurança pública. 

Com a coordenação do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas (DEMED/GM/MPI), fazem parte das ações do Teko Porã a Fundação Nacional dos Povos indígenas (FUNAI), os ministérios da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), Desenvolvimento e Assistência Social e Combate à Fome (MDS), Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Governo do MS, Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública da União (DPU), Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso do Sul (DPE/MS), Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e a Aty Guasu Guarani Kaiowá (Grande Assembleia das Mulheres), entre outros. 

Região Sul - Na manhã desta quinta-feira, 15, Eloy Terena visitou o Assentamento Itamarati para conhecer os tanques elevados de geomembrana destinados à piscicultura familiar. A implantação da tecnologia, que é uma das metas pactuadas no Teko Porã, recebe suporte técnico-científico do IFMS em diversas comunidades espalhadas pelo estado. No Assentamento Itamarati, a ação é coordenada pelo Campus Ponta Porã do IFMS.

"Os representantes puderam observar de perto a dinâmica do trabalho dos tanques na propriedade, dialogar com as famílias que são beneficiadas com a iniciativa e reconhecer o valor das práticas implementadas e os resultados alcançados pela comunidade”, explica o diretor-geral do Campus Ponta Porã, Izidro Lima.

A sede do IFMS em Ponta Porã também foi incluída no roteiro da visita, ocasião em que foram apresentados projetos desenvolvidos na unidade, como a horta do campus, que oferece o curso técnico em Agricultura e o bacharelado em Agronomia, além do Centro de Soluções Conectadas, que é utilizado em parceria com a iniciativa privada para projetos que aliam tecnologia e sustentabilidade.

Além de estudantes, professores e gestores do IFMS, a visita contou com a presença do secretário de Assuntos Indígenas da Prefeitura de Amambai, Zenaldo Moreira, reforçando os laços de colaboração entre as unidades do IFMS e as lideranças indígenas.

Ao enfatizar o compromisso do IFMS com a promoção da inclusão e do respeito à diversidade cultural, a reitora Elaine Cassiano ressaltou a implantação do Campus Amambai Povos Originários como parte do fortalecimento do vínculo da instituição com as comunidades indígenas. 

"O IFMS está comprometido com a valorização e o respeito às culturas indígenas. Além da nossa participação no Teko Porã, estamos implantando o Campus Amambai, que terá uma proposta político-pedagógica que integra os saberes tradicionais das comunidades indígenas com o ensino técnico e científico, garantindo que a educação oferecida atenda de forma plena às necessidades e particularidades dessas comunidades", finaliza.

População Indígena - De acordo com o Censo 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mato Grosso do Sul dobrou a população de habitantes indígenas ao longo de 12 anos. De mais de 77 mil, o número saltou para 116.346 mil.

Do total de indígenas, 68.534 vivem em território demarcado e mais de 47 mil em áreas urbanas ou fora de reservas. A maior Terra Indígena é a de Dourados, com quatro aldeias e mais de 13 mil habitantes. 

Os indígenas estão presentes nos 79 municípios de MS, divididos nas seguintes etnias: Guarani, Guarani Kaiowá, Guarani Nhandeva, Guató, Kadiwéu, Kinikinau e Terena, que representam pouco mais de 4% da população do estado. Trata-se da terceira maior taxa de presença indígena do país, apenas atrás dos estados de Roraima e Amazonas, respectivamente.

Correio de Corumbá

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