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Cristãos fogem da cidade de Maaloula na Síria
Apesar de promessas de paz para minorias, comunidade cristã teme retaliações do novo governo sírio.
Seg, 27 Janeiro de 2025 | Fonte: Portas Abertas/Assessoria

Centenas de cristãos da cidade de Maaloula, na Síria, ao norte de Damasco, fugiram por causa da mudança de poder na Síria. De acordo com fontes locais, entre 750 e mil cristãos buscaram refúgio principalmente nas áreas cristãs de Damasco.
O êxodo dos cristãos está relacionado ao medo de retaliação por parte das diferentes facções armadas na Síria. “A razão de tudo isso remonta ao início da guerra na Síria. Em um determinado momento, Maaloula foi capturada por tropas rebeldes, mas depois foram derrotadas. Após sua derrota, muitos muçulmanos sunitas que viviam em Maaloula ou perto da cidade também foram expulsos”, explica um contato local.
Os cristãos agora temem que, com o novo regime, o mesmo aconteça com eles. “Houve ameaças, e os cristãos decidiram não correr o risco. Provavelmente, a questão tem a ver com o que aconteceu há mais de dez anos, porque em outro lugar cristão, não muito longe de Maaloula, isso não está acontecendo”, continua o contato.
Neste período de transição, as novas autoridades estão trabalhando para consolidar seu controle sobre o país. Pelo histórico de como os cristãos têm sido tratados na Síria, o temor pela segurança é grande e muitas vezes limita o papel da igreja de ser sal e luz em meio à crise na Síria.
Mais fugas
O temor pela segurança e a instabilidade do novo governo faz com que outros grupos consideram deixar o país. Apesar das promessas do governo, minorias cristãs permanecem tensas.
No contexto de mudanças, quatro cristãos, três mulheres e um homem, que permanecem anônimos por segurança, contam suas impressões sobre o novo regime.
Apesar da necessidade de cautela, evitando as ruas vazias e horários com pouco movimento, escolas, lojas e bancos agora estão abertos e a vida parece voltar ao normal. Segundo uma das jovens sírias, alguns pais estão mantendo os filhos em casa, pois estão preocupados com a ausência de polícia nas ruas. Além disso, os bancos impuseram fortes restrições quanto ao saque de dinheiro.
“Todos estão com falta de dinheiro. O governo está com dificuldades para pagar os salários e, especialmente, as pensões para os idosos. Ouvimos que cristãos e pessoas de outras minorias estão sendo demitidos em alguns lugares por motivos irracionais. Até recebemos essa confirmação de pessoas que conhecemos”, acrescenta a jovem.
Entre partir e permanecer
Os sentimentos para a comunidade cristã são mistos e, em meio à incerteza, a igreja se coloca em fuga. “Acredito que os cristãos agora tendem mais a deixar o país do que antes, mas para onde podemos ir?”, compartilha a cristã síria. Até agora, o discurso das novas autoridades é bom, segundo os quatro cristãos. “Mas eles vão cumprir? Agora, quando há incidentes no país, eles sempre dizem que não são eles que estão fazendo”, afirma o cristão.
Um dos medos de muitos sírios, incluindo os cristãos, é que as diferentes facções comecem a lutar entre si e levem a uma nova guerra civil no país que já foi tão duramente atingido por conflitos desde 2011. Quando perguntados o que os mantém em pé, um dos quatro apenas sorri e diz: “Minha fé, sem isso não estaríamos mais vivos. Minha fé está me carregando também nesta fase”.
Desde a tomada de poder, houve reuniões entre líderes da igreja e as novas autoridades no país. Os líderes da igreja expressaram sua disposição de se envolver na construção da nova Síria. Após uma grande reunião em Damasco, duas semanas atrás, eles expressaram estar “cautelosamente otimistas”. Os três patriarcas das maiores denominações cristãs na Síria disseram: “Estamos à beira de uma nova era que exige de todos nós humildade, coragem e determinação para construir a Síria do futuro. Essa nova fase exige um compromisso com uma cultura de diálogo e abertura aos outros”.
Os patriarcas querem que a igreja esteja envolvida no processo de construção de um futuro com “igualdade de oportunidades para todos os seus cidadãos, sem qualquer discriminação”. Além das igrejas tradicionais, a Síria também tem cristãos de origem muçulmana. Eles estão, no período de transição atual, com medo de que grupos radicais possam aproveitar a nova situação e atacar os que deixaram o islã para seguir a Jesus.
A Síria ocupa a 18ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025, que classifica os 50 países onde os cristãos são mais perseguidos.
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